Fridão

FRIDÃO

Concelho de Amarante

«Os rios, a ponte, a serra, a floresta e o padroeiro, são os verdadeiros símbolos de um povo sofrido e laborioso que luta pela dignificação do seu tempo e do seu espaço, e é sempre com orgulho e emoção que fala dos seus símbolos.»

 Um pouco de história

        Situa-se nas abas da Serra do Marão, mais especificamente na Serra da Meia Via, entre os caudais convergentes dos rios Tâmega e Olo.

              A freguesia de Fridão é servida pela antiga Estrada Nacional nº312 e dista cerca de 6 km da sede do concelho de Amarante, distrito do Porto.

   Situa-se nas abas da Serra do Marão, mais especificamente na Serra da Meia Via, entre os caudais convergentes dos rios Tâmega e Olo.

              Segundo os romanos faria parte da vasta região da Volóbriga ou Uolóbriga, com o centro mais importante em Ermelo e seria habitada por povos de pastores (Nemetanos).

              Com valor histórico toponímico é o lugar da Prachã que parece derivar do nome da antiga villa romana (Praxiana) que se localiza defronte da romana Vila Pauca, hoje Vila Pouca, lugar da freguesia da Chapa.

              O lugar de S. Faustino de Fridão fez parte da freguesia de Lufrei do extinto concelho de Gestaço e só muito recentemente adquiriu o estatuto de freguesia, mais propriamente em 1842, na sequência da Reforma Administrativa de Passos Manuel (em 1842 foi publicado um código que inclui a lista definitiva de concelhos e freguesias resultantes da reforma de 1836, com as correcções oficiais à lista inicial e as modificações seguintes, onde consta a criação da freguesia de Fridão).

                    A Serra, e os rios Tâmega e Olo, sempre presentes, marcaram de forma indelével a vida da população desta freguesia através dos tempos. Nos rios, inúmeros pesqueiros, açudes, moinhos, poldras ou alpondras e lugares de travessia em barca, atestam de forma clara que os rios que dividiam, também uniam e contribuíam para o sustento da população
Fridão

              O nome da Serra da Meia Via parece advir-lhe da existência da estrada romana que depois de vencido o Tâmega no Vau de Barões e atravessado o Olo  pelas alpondras disponíveis, ligaria a Cainha e a Ribeira de Pena.

Modos de vida

«…Por aqui tiveram actividades como a carvoaria, a resinagem, a descasca da cortiça, a pastorícia, a curtimenta de peles…»

   Da serra tirava o povo o grosso do seu rendimento, a crer nas inúmeras actividades ligadas à exploração da riqueza florestal e do subsolo. Ainda hoje há testemunhos vivos da importância que por aqui tiveram actividades como a carvoaria, a resinagem, a descasca da cortiça, a pastorícia, a curtimenta de peles, a apanha das lenhas, o aproveitamento das madeiras e a exploração mineira.

   No tocante a esta actividade, importa realçar que na área da freguesia, há registadas sete minas de estanho, denominadas: Ribeiro de Felgueiras, Serra da Meia Via, Ribeiro de Ordes nº1 e nº3, Pena de Gato, Ribeiro de Guimbra e Ribeiro das Poças do Cabo.

   Mas, era muito mais modesta a actividade que dava sustento à população pobre da freguesia. Nos finais do séc. XIX José Augusto Vieira escreveu: «…Tem a freguesia de Fridão, assim como todas as freguesias das abas do Marão, grandissimos baldios, o que dá aqui lugar a uma pequena indústria. É o transporte da carqueija e da urguela ou urze da Serra da Meia Via para Amarante, por uma magra quantia de 40 reis a 120 reis o máximo, que apesar de tudo, é a receita mais importante e mais certa da gente pobre da freguesia. A Serra da Meia Via que se estende de Fridão a Rebordelo e do Tâmega ao Olo, é abundantissima de lenha…».

Mulheres tecedeiras

        «…As laboriosas mãos das mulheres de Fridão constroem fio a fio as belas colchas de linho, ou algodão…»

      A população residente ocupa-se na agricultura, na pecuária, na construção civil e ainda na metalurgia e na transformação de madeiras.   

              Às mulheres, cabe ainda o importante papel de cuidar da casa e dos filhos e contribuem para o orçamento familiar dedicando os seus tempos livres aos trabalhos da tecelagem.

   Não será exagero afirmar que, na loja de cada casa, existe pelo menos um tear em laboração.

   Os teares de Fridão são dos mais rudimentares e construídos na freguesia, a preços muito acessíveis. Nestes toscos engenhos, as laboriosas mãos das mulheres de Fridão constroem fio a fio as belas colchas de linho, ou algodão, que fazem as delícias das donas de casa.

   As colchas Coroa de ReiFlor de LisD. Pedro e tantas outras fizeram nascer nesta freguesia uma actividade comercial intensa, que coloca esses belos trabalhos nos mercados turísticos do país e no estrangeiro.

O típico tear de Fridão

 

Gente ilustre

              Aqui nasceu o poeta Nunes Ferreira, que sentidamente cantou o rio Tâmega. E, segundo Armando Malheiro da Silva e Luís Pimenta de Castro Damásio, in «António Cândido, Sidónio Pais e a Elite Política Amarantina, 1850-1922», também aqui terá nascido o insigne orador e parlamentar António Cândido Ribeiro da Costa, apesar do seu biógrafo António Cabral o dar como nascido em Candemil. Baptizado a 30 de Março de 1850 na Igreja de S. Salvador do Monte, o seu registo de nascimento (Livro de Assentos de Baptizado, fl.68 V.—Arquivo Distrital do Porto) dá-o como natural de S.Faustino — Fridão, e filho de Ana Joaquina Ribeiro, por sua vez filha de José Joaquim Gonçalves (carpinteiro) e de Ana Ribeiro Teixeira (tecedeira), daqui naturais e, na altura, aqui residentes.

Paisagem e Património Construido

Para além da singular beleza paisagística desta freguesia, localizada no interflúvio Tâmega/Olo, da variedade biológica de diferentes ecossistemas, Fridão orgulha-se ainda de outras grandes obras que aqui se erguem, como a Casa das Chousas, solar oitocentista com portal brasonado que possui uma bela capela de devoção a S. Paulo, com altares entalhados a ouro, que chegou a servir de igreja paroquial e que urge proteger e restaurar. Ainda a Casa de S. Faustino, onde funciona hoje uma moderna e modelar estância de turismo rural e ainda outras de grande dignidade arquitectónica como a Casa da Ponte, a Casa da Costa e a Casa da Zindinha.

   Igualmente dignas de referência são as típicas casas tradicionais em xisto castanho da Meia Via, cobertas a telha portuguesa de meio cano.

Casa das Chousas

 Sítio do Castelo

Do antigo castelo que alguns dizem ter existido, não há vestígios para além do topónimo. No local também não há indícios visíveis de qualquer castro.

A Central Hidroeléctica do Olo

   Mas a obra que mais orgulha o povo de Fridão é a Central Hidroeléctica do Olo, sonhada em 1912 pelo então Presidente da Comissão Executiva Municipal Republicana, Dr. António do Lago Cerqueira e que veio a fazer de Amarante, uma das primeiras localidades iluminadas por energia eléctrica em 1917. Hoje é uma realidade museológica, inequívoco documento da arqueologia industrial a necessitar de conservação e dignificação.

 

A Ponte do Borralheiro

   De referir parece-nos ainda importante a Ponte do Borralheiro que desde o séc. XIX liga Fridão à sede do concelho e que veio substituir as travessias em barca no Tâmega e pelas poldras no rio Olo.

 

 

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